Estive hoje no Linux 2008, evento dedicado ao open-source e organizado pela parceria Sybase/Caixa Mágica. Foi um evento interessante, com uma audiência bastante heterogénea. Daí o título do post. O cariz das apresentações foi bastante orientado para o negócio, como se poderia prever pelo facto de todos os presentes na mesa estarem de fato e gravata, com a honrosa excepção do "evangelista" da Red Hat, que veio de camisa branca e chapéu vermelho.
Confesso que gostei de ver a apresentação da Caixa Mágica. Não que tivesse qualquer informação técnica interessante mas porque dá gosto ver uma empresa enérgica e bem sucedida com um modelo de negócios baseado no software livre. É possível, no entanto, que uma parte da audiência tenha achado o conteúdo demasiado focado no marketing. Mas enfim, é a prerrogativa de quem paga o almoço. :-)
Uma novidade interessante é o anúncio de um Mestrado do ISCTE em Open-Source, que demonstra que as Universidades começam a dar importância a este modelo. Claro que, na verdade, já várias Universidades baseiam a maior parte do seu ensino em tecnologia desta, mas o facto de se fazer um curso de mestrado dedicado merece relevo.
Também foi notícia a expansão da ESOP, que conta com um grupo de novos associados a partir de hoje. Esta associação empresarial teve também uma forte presença no evento e aproveitou para assinar publicamente um protocolo com a Agência para a Modernização Administrativa, representada pela Dra. Anabela Pedroso.
O CEO da Mandriva fez uma apresentação muito interessante sobre as perspectivas de evolução do Linux no LCPC (Low Cost PC), um novo conceito de PC em que se destacam o Asus Eee PC, o OLPC e o Intel Classmate PC. Segundo ele, nesta nova geração de PC de baixo custo o Linux será o sistema operativo de eleição, já que o custo de licenciamento das alternativas proprietárias teria um impacto demasiado alto no custo total do equipamento. Isto é: mesmo que o sistema operativo fosse vendido a $40, numa máquina de $100 teria um peso demasiado alto.
O evangelista da Red Hat fez também uma excelente apresentação sobre o conceito de standards abertos, explicando que é política da Red Hat trabalhar exclusivamente com standards que não obriguem ao pagamento de royalties, ao contrário do OOXML, da Microsoft, que só pode ser usado livremente se não for em projectos comerciais.
A questão das patentes, dos royalties e dos standards abertos deu, como seria de esperar, alguma celeuma na altura do debate da manhã. Até porque a Microsoft respondeu positivamente ao convite da organização e enviou um delegado à reunião. Há que lhe louvar a coragem, porque não é fácil estar numa sala onde a maior parte dos presentes não nutre simpatia pela sua mensagem, para não dizer pior.
Da parte da tarde o foco foi mais sobre certas tecnologias e case studies. Em termos de software destacaram-se o Scalix, Joomla e o KnowledgeTree. E em termos de case-studies destacaram-se a PSA, o INE e o SAPO.
Esperemos então que no próximo ano este evento continue e que nos traga ainda mais informação sobre o que se faz com software livre em Portugal e no resto do mundo.
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