Começa hoje a distribuição do Magalhães nas escolas Portuguesas.
No meio desta guerra, o projecto One Laptop Per Child já consegiu mudar uma coisa : Mais crianças tem agora acesso a computadores. Directamente pelos seus produtos ou indirectamente por "obrigar" a intel, asus e outras a vender PC(s) de muito baixo custo e adaptados às suas necessidades.
Apesar das questões politicas e comerciais envolvidas à escala global (do qual de seguida teço algumas considerações) sou de opinião que o balanço deste programa acaba por ser positivo.
Nem parece uma opinião das minhas :-P mas eu justifico :
- As crianças Portuguesas passam a ter acesso a um computador a elas adaptado (resistente ao choque e à agua) a baixo custo, com discriminação positiva para aquelas que mesmo com preço reduzido teriam dificuldades na sua aquisição ;
- Uma empresa Portuguesa, JP Sá Couto exporta mais produtos ;
- Não há obrigatoriedade de assinatura de contrato de fidelização para as familias que não pretenderem usar banda larga 3G.
No entanto, na minha opinião não foram tomadas as melhores opções.
Voltemos um bocadinho atrás...
Voltemos um bocadinho atrás...
Tudo isto começa com a iniciativa de Nicholas Negroponte, que no MIT lançou a Fundação One Laptop Per Child - OLPC. O seu objectivo era tão só que qualquer criança, incluindo as dos países sub desenvolvidos tivesse acesso a um computador (já conheço as criticas que dizem que nem comida têm e por isso não precisam de um computador). Desta forma a fundação projectou o XO-1. A sua construção não teria fins lucrativos e o objectivo era que não ultrapassasse os 100 dólares.
É claro que este projecto não agradou às companhias que nela viram uma ameaça por via da descida dos preços. Duas delas foram a Intel, que é a lider no fabrico dos micro processadores (e embora se tenha associado ao projecto fê-lo com o claro objectivo de se manter por perto) e a Microsoft que construiu o windows. Desta forma, a fundação associou-se à AMD, à comunidade Linux e a outras companhias como a Google.
Com grande empenhamento e vencendo inúmeras dificuldades, conseguiram não só viabilizar o projecto (entregando centenas de milhares de computadores a crianças) como projectar a segunda versão (XO-2), com grandes inovações não só a nível técnico como de conceito. Como é óbvio a Intel e a Microsoft rapidamente perceberam que a disseminação de tecnologias que não as suas se iriam tornar rapidamente uma enorme ameaça. Desta forma a Intel resolveu criar um computador chamado classmate. Algum tempo mais tarde o governo de Portugal associa-se à iniciativa através não só da concessão de apoios à instalação de uma nova fábrica em Portugal (renomeando os computadores com o nome de Magalhães), mas também através da atribuição de subsídios às crianças do 1º ciclo que irão adquirir o equipamento.
O Magalhães fica claramente atrás do XO-2 na maioria das comparações:
- Consome dez vezes a energia do XO-2;
- Tem um terço da capacidade de captação da rede sem fios;
- Não tem meios alternativos de fornecimento de energia (O XO-2 pode ser carregado com energia solar ou com uma manivela);
- O XO reencaminha o acesso à net para outros computadores (e assim sucessivamente) reduzindo as necessidades de infraestrutura;
- O XO-2 tem um preço de fabrico muito mais baixo do que o Magalhães;
- O XO-2 é inovador (aplica os conceitos do dynabook de Alan Kay) enquanto que o Magalhães é um portátil tradicional truncado e melhorado.
No meio desta guerra, o projecto One Laptop Per Child já consegiu mudar uma coisa : Mais crianças tem agora acesso a computadores. Directamente pelos seus produtos ou indirectamente por "obrigar" a intel, asus e outras a vender PC(s) de muito baixo custo e adaptados às suas necessidades.
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