As Plataformas de Compras Públicas, um conjunto de portais privados que o Estado está obrigado a usar desde o ano passado para todas as suas aquisições, arriscam-se a ser mais um problema para a imagem e credibilidade do sector das TI.
Por toda a parte se vão ouvindo queixas de mau funcionamento, interfaces mal desenhados, processos difíceis de entender, tecnologias que não funcionam, help-desks incompetentes, etc..
Considerando que estas plataformas ganharam, desde o ano passado, milhares de novos utilizadores que dependem delas para o funcionamento do seu negócio, perspectiva-se um período negro na relação entre utilizadores e informáticos, agravado pelo stress de propostas que têm que ser entregues com urgência, concursos que têm que ser processados dentro dos prazos, iniciativas que estão programadas com precisão, e dinheiro que está à espera de mudar de mãos mas não muda porque "o sistema não deixa".
Para além dos expectáveis (mas não justificáveis) bugs das plataformas, há um problema sério de falta de cultura de segurança entre utilizadores e profissionais das TI. A utilização de certificados digitais, obrigatória, ainda é muito mal compreendida e há um risco elevado de as pessoas não saberem gerir e proteger a sua identidade digital. Enquanto isso acontecer a probabilidade de perdas de negócios é mais elevada, o que será certamente agravado pela provável rigidez das plataformas que ainda estarão bastante imaturas em relação ao processo de compras públicas.
Se, no ano passado, os compradores públicos procuraram concentrar as suas compras antes de Julho para minorar os problemas derivados do uso das plataformas, já neste ano, logo que os Orçamentos entrem em vigor, não haverá forma de escapar aos problemas.
Aos compradores, uma sugestão: preparem-se e não confiem demasiado nas plataformas. Aos fornecedores: não deixem as propostas para o último dia, porque depois podem não conseguir entregá-las a tempo.
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