Imaginem uma grande empresa. Tipo: 2.000 empregados. Essa empresa é gerida com punho de ferro por financeiros formados nas melhores universidades. Boa parte deles terá até MBAs tirados no estrangeiro. É uma empresa de serviços, de modo que praticamente todos os seus funcionários usam computadores. São os chamados "trabalhadores do conhecimento".
Nos últimos anos, à conta da crise, a empresa decidiu adiar os investimentos em equipamento informático. Para quê? Os computadores são todos iguais e comprar PCs novos para todo o pessoal é um desperdício. Não é?
Bom, imaginemos um empregado médio, com um salário médio de 1.000 euros por mês (estamos em crise, o pessoal já não ganha o mesmo que antes). Utiliza o software criado pelo departamento de TI, que evolui todos os dias e necessita de cada vez mais recursos. As actualizações dos softwares de produtividade também exigem cada vez mais recursos dos PCs. Já há muito tempo que os os 2GB de RAM são insuficientes, e o PC utiliza frequentemente o disco rígido como extensão à memória do computador, tornando-se 5-10 vezes mais lento.
E agora vamos fazer umas contas.
O custo anual desse empregado, incluindo segurança social, seguros, doenças, formação, férias, subsídios de férias e natal, instalações, etc., fica, por alto, em 2.000 euros/mês.
Se, por causa de um PC lento, um empregado gasta 1 minuto a fazer uma tarefa que normalente levaria 30 segundos, isso custa dinheiro. Se essa pessoa necessitar normalmente do computador para metade do seu trabalho, isto significa essas tarefas lhe passam a ocupar o dobro do tempo. Isto é: o trabalho com o computador deixa de ocupar metade e passa a ocupar 2/3 do tempo da pessoa (porque as restantes tarefas continuam a demorar o mesmo). Quanto é que isto custa? Se antes o trabalho com computador custava 1.000 euros/mês, passou a custar 1.333 euros/mês.
Portanto, a decisão de não investir em equipamento informático causa à empresa um prejuízo 333 euros/mês para este empregado típico. Deixo para exercício dos leitores o cálculo do prejuízo para um informático que ganhe 2.000 euros/mês e passe todo o seu tempo a trabalhar no computador.
E quanto custaria resolver este problema? Um computador pessoal razoável, hoje em dia, custa uns 750 euros.
O retorno do investimento seria conseguido ao fim de dois meses e pouco, para o empregado do nosso exemplo.A partir daí, durante um ou dois anos, seria só poupança de custos. Que tal, senhores financeiros? Continuam a pensar que é boa política cortar nos investimentos em ferramentas de trabalho para os trabalhadores do conhecimento?
Nota:
Peço antecipadamente desculpa pela generalização em relação aos financeiros das empresas, que fazem um trabalho importante e absolutamente necessário. Mas a verdade é se tem vindo a observar, nos meios da gestão empresarial, uma crescente cegueira em relação aos problemas da produtividade do pessoal, que levam a cortes no investimento que só afundam ainda mais as empresas. Se este post ajudar a mudar algumas destas políticas já serviu o seu objectivo.
Editado posteriormente: clarificação e correcção de valores de poupança.
Nos últimos anos, à conta da crise, a empresa decidiu adiar os investimentos em equipamento informático. Para quê? Os computadores são todos iguais e comprar PCs novos para todo o pessoal é um desperdício. Não é?
Bom, imaginemos um empregado médio, com um salário médio de 1.000 euros por mês (estamos em crise, o pessoal já não ganha o mesmo que antes). Utiliza o software criado pelo departamento de TI, que evolui todos os dias e necessita de cada vez mais recursos. As actualizações dos softwares de produtividade também exigem cada vez mais recursos dos PCs. Já há muito tempo que os os 2GB de RAM são insuficientes, e o PC utiliza frequentemente o disco rígido como extensão à memória do computador, tornando-se 5-10 vezes mais lento.
E agora vamos fazer umas contas.
O custo anual desse empregado, incluindo segurança social, seguros, doenças, formação, férias, subsídios de férias e natal, instalações, etc., fica, por alto, em 2.000 euros/mês.
Se, por causa de um PC lento, um empregado gasta 1 minuto a fazer uma tarefa que normalente levaria 30 segundos, isso custa dinheiro. Se essa pessoa necessitar normalmente do computador para metade do seu trabalho, isto significa essas tarefas lhe passam a ocupar o dobro do tempo. Isto é: o trabalho com o computador deixa de ocupar metade e passa a ocupar 2/3 do tempo da pessoa (porque as restantes tarefas continuam a demorar o mesmo). Quanto é que isto custa? Se antes o trabalho com computador custava 1.000 euros/mês, passou a custar 1.333 euros/mês.
Portanto, a decisão de não investir em equipamento informático causa à empresa um prejuízo 333 euros/mês para este empregado típico. Deixo para exercício dos leitores o cálculo do prejuízo para um informático que ganhe 2.000 euros/mês e passe todo o seu tempo a trabalhar no computador.
E quanto custaria resolver este problema? Um computador pessoal razoável, hoje em dia, custa uns 750 euros.
O retorno do investimento seria conseguido ao fim de dois meses e pouco, para o empregado do nosso exemplo.A partir daí, durante um ou dois anos, seria só poupança de custos. Que tal, senhores financeiros? Continuam a pensar que é boa política cortar nos investimentos em ferramentas de trabalho para os trabalhadores do conhecimento?
Nota:
Peço antecipadamente desculpa pela generalização em relação aos financeiros das empresas, que fazem um trabalho importante e absolutamente necessário. Mas a verdade é se tem vindo a observar, nos meios da gestão empresarial, uma crescente cegueira em relação aos problemas da produtividade do pessoal, que levam a cortes no investimento que só afundam ainda mais as empresas. Se este post ajudar a mudar algumas destas políticas já serviu o seu objectivo.
Editado posteriormente: clarificação e correcção de valores de poupança.
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