Avançar para o conteúdo principal

Copianço generalizado nas universidades

Deu há dias num telejornal esta notícia do género "o rei vai nú" mas que me merece algumas considerações. Diziam os jornalistas que, nas universidades portuguesas, 2/3 dos estudantes recorriam à cábula para passar nos exames. E que isto é um hábito que já trazem do secundário.

Isto diz-nos várias coisas, a começar pelo facto e os estudantes andarem na universidade só para obter o canudo, sem se preocuparem se aprendem ou não. Veja-se bem o equívoco: o que é importante para eles é o grau obtido, em vez das competências!

Pois eu tenho uma novidade para vocês, estudantes: aqui fora, no mercado, valem as competências e não os graus obtidos! Acham que vão conseguir competir num mundo global com um canudo tirado com base na batota? Espera-vos a fila do desemprego! E nem pensem em emigrar, porque aqui ainda têm a vantagem da língua. Se forem lá para fora têm mesmo que saber fazer o que dizem saber, porque senão acabam por voltar com o rabo entre as pernas.

Claro que os professores também são responsáveis. Porque alinham em sistemas de avaliação que permitem a batota. Alguns podem dizer que, sabendo disto, aumentam a dificuldade dos testes, para compensar. E a minoria dos que não fazem batota? Como fica? Esses acabam prejudicados por estarem a competir em circunstâncias desiguais. Pergunto eu: os professores não sentirão alguma vergonha de estarem a participar neste esquema? ;-)

Nisto tudo, os intervenientes que mais pena dão são os pais. Pagam as propinas aos filhos, pagam-lhes o carrito e a gasolina para irem para as aulas (estranhamente, os transportes públicos parecem não servir as universidades, de há uns anos para cá, e os estudantes têm que ir de carro, pobrezitos). Os pais ficam todos descansados por estarem a "garantir um futuro" às crianças. E até acham graça se vêm o filho a preparar a cábula para passar naquela cadeira que tem o professor mais exigente. Coitadinhos... E vão ficar muito tristes quando, passados anos e tantas provações, o filho não conseguir emprego. "Malditos políticos, que lixaram isto tudo", pensarão eles nessa altura.

Coitadinhos de nós todos, digo eu!

Quanto à cábula, há uma solução simples: acabe-se com os testes sem consulta. Oficialize-se a cábula. Todos os estudantes podem levar a documentação que quiserem. Afinal, na vida real é asim mesmo que se passa.

E entretanto esperemos que os alunos se convençam que têm que ganhar competências, apesar do sistema!

Comentários

  1. Pois eu tenho uma novidade para vocês, estudantes: aqui fora, no mercado, valem as competências e não os graus obtidos! - Fernandez

    Infelizmente, e na primeira abordagem na maior parte das empresas, o que ainda conta é mesmo o grau obtido na eliminação preliminar e só depois é que se vê a competência.

    Um abraço.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Conferência Europeia da Comunidade Alfresco

Já foi há quase quinze dias, mas julgo que ainda será relevante abordar a Conferência Europeia da Comunidade Alfresco, que decorreu em Barcelona no dia 22 de Abril. Com uma audiência de mais de 200 pessoas (a sala reservada estava cheia) vindas de vários pontos da Europa, este evento serviu para que muita gente desta comunidade se encontrasse pela primeira vez face a face. A Alfresco Inc. é uma empresa recente, que apostou em criar uma solução de gestão documental de topo de gama usando o modelo open-source . Considerando que a empresa, no seu terceiro ano de actividade, já atingiu o break-even , parece ter sido uma boa aposta. No arranque da conferência esteve John Powell, CEO da empresa, que falou um bocado sobre a excelente evolução da empresa e abordou a "guerra" entre o modelo de negócios proprietário e o modelo de código aberto. Exemplificou este conflito com o Microsoft SharePoint, que ele designou como "a morte da escolha", justificando o epíteto pelo facto

Backup automático de disco USB (pen drive)

Hoje em dia toda a gente tem uma pen drive para levar os seus ficheiros de um lado para o outro. E muitas vezes está lá trabalho importante. Mas impõe-se uma pergunta: o que acontece se se perde a pen drive ? Ou se esta se avaria? Quem é que faz backups regulares da pen drive ? Muito pouca gente! Pessoalmente tenho por hábito fazer um backup cerca de uma vez por semana. Quando o trabalho é muito, faço backup mais vezes. Mas já por duas vezes as avarias me fizeram perder as versões mais recentes. E isto chateia. Por isso aqui há uns dias decidi "coçar esta comichão" e resolver o problema de forma mais sistemática: arranjei maneira de fazer um backup automático cada vez que ligo a pen drive a um computador. (sim, eu sei que há software específico para isto, mas que querem, apeteceu-me fazer mais um) A receita é relativamente simples: um script (DOS batch file ) que faz o backup , um ficheiro de definição de autorun e já está. 1. O script de backup - Basta instalar, na roo

Horário de trabalho

A trabalhar há dois meses na Irlanda, ando para escrever alguns apontamentos daqui de Dublin, mas são tantos e tão diversos que há matéria aqui para escrever um blog inteiro (e talvez ainda o faca se a inspiração vier em meu auxílio). Há no entanto uma diferença que encontrei por aqui que é muito mais marcante do que eu poderia supor poder ser, e lembrei-me deste ponto que talvez se acomode bem neste blog e no tipo de posts que por aqui há. Falo do horário de trabalho . O horário que por aqui se pratica, e que suponho generalizado, é de entrar as 9h e sair as 17h, com meia-hora de almoço. Ou seja, 7 horas e meia. Ou seja, meia-hora de diferença para o horário "normal" de Portugal. E que diferença que essa diferença faz... Os irlandeses não são muito "fanáticos" com o trabalho e os horários, não se trata de regimes "autoritários" como parece ser em Inglaterra ou na Alemanha - a propósito, sabem que os alemães dizem que na Alemanha a taxa de criminalidade é