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Fim da confidencialidade nas chamadas para o 112: sim, mas cuidado

Aqui há dias o Governo, pela mão do seu Secretário de Estado da Administração Interna, tomou uma decisão difícil mas necessária: as chamadas para o 112 deixam de ser anónimas. É que cerca de 90% das chamadas são brincadeira de mau gosto e o tempo que fazem perder é essencial para salvar vidas que estão mesmo em risco.

Curiosamente aconteceu um caso há uns dias, nos EUA, que poderá servir de aviso contra excessos de confiança nesta solução tecnológica.

Um estudante do liceu esteve 12 dias na cadeia por causa de um falso alerta de bomba. Por mais que ele dissesse que não foi ele, ninguém acreditava. Os registos da central telefónica diziam que a chamada recebida naquele momento tinha vindo do telefone dele. Ele dizia que não podia ser, porque tinha telefonado, sim, mas a outra hora. A resposta era "à americana": "Tu és um criminoso e os criminosos estão sempre a mentir, e por isso não acreditamos em ti."

Felizmente alguém se lembrou que este ano houve umas alterações no sistema americano de hora de verão, e que talvez o software da central não tivesse sido actualizado... E não é que era verdade? A chamada tinha sido feita mas, por causa da versão desactualizada do software, tinha ficado registada com a hora errada. O rapaz, finalmente, foi libertado.

A moral da história é que não se pode confiar demasiado na tecnologia. Claro que a aplicação da regra "inocente até prova em contrário" também podia ter ajudado... :-)

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