Avançar para o conteúdo principal

Laboratório IBM em Silicon Valley


Estive no laboratório da IBM em Silicon Valley.

Confesso-me algo desiludido.

Trata-se de um conjunto de prédios no meio do campo. Lá dentro podemos encontrar escritórios normalíssimos como aqueles onde trabalhamos, data center(s), um café, uma biblioteca, uma cantina, auditórios.

As pessoas que lá trabalham não têm um especial ar de gurus ou nerds. Falei com eles e são iguais a nós. Conversam sobre o tempo, o jogo de futebol americano e o último filme que viram. Por vezes lá se consegue trocar impressões sobre tecnologia, sempre com as palavras bem medidas pois "o segredo é a alma do negócio". Quando isto acontece percebemos que embora desenvolvam sistemas operativos ou bases de dados o fazem tal como nos projectos open source. Alguns com pior qualidade, porque muitos não têm testes unitários e não documentam o código nele próprio fazendo-o em documentos de texto (.doc) à parte.

Na realidade não percebo o que estava eu à espera. Talvez um monte de engenheiros vestidos de bata branca a trabalhar em computadores com monitores do tamanho de um plasma e teclados esotéricos e a falar de algoritmos estranhos.

A limpeza e ordem foi o que mais notei. As secretárias estão impecavelmente arrumadas, a maioria quase sem nada (com excepção de um computador monitor e teclado). Numa ou outra lá se vê uma fotografia da família. Não se vêem trastes aos cantos nem mesas cheias de computadores. Os livros estão sempre arrumados e não existem pilhas de papel por todo o lado.

Foi educativo e desmistificador dos estereótipos que muitas vezes formamos dentro das nossas próprias cabeças.

Comentários

  1. A IBM tem fama de ser aprumada. Vendedores de fato e gravata, etc. Também têm muitos laboratórios e alguns bem diferentes quanto a áreas de pesquisa. Penso que têm um em Zurique de onde saem uma data de invenções estrambólicas de hardware.

    Suspeito que é capaz de haver mais confusão nuns escritórios de um Google ou Yahoo. Pelo que ouço falar ainda se vive por lá muito do ambiente de uma startup.

    PS: Visitei recentemente o edifício da Microsoft no Tagus Park. Está lá boa gente a trabalhar no suporte de reconhecimento e síntese de voz para português. Não sou grande fã da Microsoft como entidade corporativa. Mesmo assim o espaço de trabalho pareceu-me impecável, bem iluminado, bem decorado, e fui muito bem recebido.

    ResponderEliminar
  2. Ainda te desiludes por as empresas não serem realmente o reflexo da imagem que criam?

    Grandes empresas como a IBM, investem milhões de Dolare$ em departamentos de Marketing. Como é óbvio isso cria a sua imagem de marca. Mas na realidade todos nós sabemos que a imagem transmitida nunca é fiel à realidade. Que há sempre pessoas a fazer os impossíveis para manter a imagem de marca intacta, pelo menos a que passa para fora. Isso torna-os iguais a cada um de nós.

    Mas note-se uma coisa! Para quem já trabalhou com empresas americanas, tem a noção disso. São rigorosos no que toca a procedimentos. Estão bem estudados e documentados.
    Quando instalava workstations Intergraf, tudo que estava no caixote estava na guia, mesmo os cabitos de alimentação com número de série. Não faltava nada.

    Nota que estas empresas grandes estão sujeitas a uma grande inércia. Se estiverem a andar no sentido certo, ninguém as pára. Se estiverem no rumo errado, têm enorme dificilmente em mudar.

    É a vida, todos diferentes, todos iguais.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

[Off-topic] "Novas" tendências de gestão

Afinal as novas tendências de gestão não são de agora. E as suas consequências também já são conhecidas há muito. Vejam esta carta do Senhor Vauban , Engenheiro Militar e Marechal de França, dirigida ao Senhor Losvois, Ministro da Guerra de Luís XIV, datada de 17 de Julho de 1683. "Monsenhor: ... Há alguns trabalhos nos últimos anos que não acabaram e não acabarão nunca, e tudo isso, Monsenhor, porque a confusão que causam as frequentes baixas de preços que surgem nas suas obras só servem para atrair como empreiteiros os miseráveis, malandros ou ignorantes e afugentar aqueles que são capazes de conduzir uma empresa. Digo mais, deste modo eles só atrasam e encarecem as obras consideravelmente porque essas baixas de preços e economias tão procuradas são imaginárias, dado que um empreiteiro que perde, faz o mesmo que um náufrago que se afoga, agarra-se a tudo o que pode; e agarrar-se a tudo, no ofício de empreiteiro, é não pagar aos fornecedores, pagar baixos salários, ter os piores

Conferência Europeia da Comunidade Alfresco

Já foi há quase quinze dias, mas julgo que ainda será relevante abordar a Conferência Europeia da Comunidade Alfresco, que decorreu em Barcelona no dia 22 de Abril. Com uma audiência de mais de 200 pessoas (a sala reservada estava cheia) vindas de vários pontos da Europa, este evento serviu para que muita gente desta comunidade se encontrasse pela primeira vez face a face. A Alfresco Inc. é uma empresa recente, que apostou em criar uma solução de gestão documental de topo de gama usando o modelo open-source . Considerando que a empresa, no seu terceiro ano de actividade, já atingiu o break-even , parece ter sido uma boa aposta. No arranque da conferência esteve John Powell, CEO da empresa, que falou um bocado sobre a excelente evolução da empresa e abordou a "guerra" entre o modelo de negócios proprietário e o modelo de código aberto. Exemplificou este conflito com o Microsoft SharePoint, que ele designou como "a morte da escolha", justificando o epíteto pelo facto

O que é uma POOL ?

Tenho andado a fazer implementações de mecanismos de pooling em Java 2 Enterprise Edition. Como me parece um conceito algo lato tentei a abordagem do dicionário. Alguns mostram que de facto a palavra é usada para muita coisa. A definição mais comum é "piscina". A que mais me agradou foi o que descobri na wikipedia , onde pooling é apresentada como uma técnica para guardar qualquer coisa que já não é necessária em determinado sitio (a que se chama pool ) com o objectivo de a usar quando necessário optimizando assim a utilização de recursos disponíveis. Partindo para a computação, existem vários tipos de pools: Thread Pool - Conjunto de threads livres que se vão adicionando a um fifo quando não necessárias e retirando quando se quiserem usar. Memory Pool - Conjunto de blocos de memória, todos da mesma dimensão, que se alocam inicialmente e usam à medida que necessário garantindo que o tempo de alocação de memória é constante e a fragmentação minima. Connect